O Grunho –
Animal Rasca
16/02/2003
Primeira
Homília do Irmão Bugger
Quem
é grunho?
É à volta
desta questão que se passa a minha primeira Homília para a
Igreja Marklista dos Cinco Dias Úteis.
Antes de
mais, dar-vos-ei uma perspectiva histórica da espécie grunhífera.
1.
Perspectiva
Histórica
Todos ouvimos
falar do conhecido episódio da História de Portugal em que D.
Dinis pergunta à sua esposa, Rainha Isabel (postumamente,
Rainha Santa), o que ela transportava consigo. Ela responde “São
rosas, senhor”. Essas rosas, como todos nós sabemos eram pão.
Pão para alimentar os pobres.
Esta parte da
história é-nos ensinada na escola ou pelos nossos (inocentes?)
pais. Não os podemos acusar de nos terem mentido. Eles não
mentiram mas omitiram a realidade inerente ao facto
supra-relatado. Na realidade não-filtrada, a Rainha cometeu um
grande erro. Os “pobres” que Isabel tinha ido alimentar eram
os últimos espécimes de uma linhagem genética de seres rasca
e popularuchos que nasceram logo a seguir à criação do
Condado Portucalense. Isabel alimentou-os, Isabel é a responsável
pela criação dos míticos Portugas ou Marialvas.
Com a ajuda
de Isabel e das isabeis desse mundo, os Portugas subsistiram ao
longo dos séculos.
2.
Evolução dos
Portugas e Génese do Grunhos
Com o passar
dos tempos, os Portugas foram “engolindo” vários sectores
da sociedade portuguesa.
O drama
agudizou-se aquando da Ditadura salazarista. Nesta altura, milhões
de Portugas emigraram, principalmente, para vários países da
Europa Central e para a África do Sul, Estados Unidos da América
e Austrália. Estes Portugas reproduziram-se e deram origem a
uma nova geração a que chamamos de Grunhos. E assim está
descoberta a génese dos Grunhos.
Mas vocês
perguntam-se “se durante tantos séculos, as várias gerações
concebidas por Portugas se chamaram também Portugas porque é
que agora lhes chamamos Grunhos?”. É uma pergunta inteligente
a que eu responderei, interrompendo essa conversa de vós para
vocês. Ora, a grande diferença entre esta geração e as
anteriores chama-se “dinheiro”. Ao contrário das gerações
anteriores, os Grunhos possuem dinheiro. Este dinheiro provém
de três fontes: a primeira são as poupanças resultantes dos
trabalhos da emigrantada como a apanha do morango na França ou
a Construção Civil (“ajobras”, no seu léxico) na
Alemanha; a segunda são os dinheiros provenientes de negócios
menos claros; a terceira corresponde aos euros que os seus
ascendentes ganharam ou na Função Pública ou como operários
numa indústria qualquer.
Numa
realidade paralela (mas não menos importante), os Grunhos
nasceram também em Portugal, utilizando “casta puramente
lusitana”, isto é: nasceram sem que a sua família tenha
quaisquer ligações a outros países. Estes grunhos são tão
perigosos como os de ascendência emigrante e a sua génese é a
mesma: apareceram porque os seus pais Portugas têm dinheiro.
3.
A definição
de Grunho
Para
distinguirmos bem os grunhos no meio da multidão, passo a
enumerar uma lista de características que os diferenciam
claramente do resto da população:
a)
Vocabulário – os grunhos, por muito dinheiro que
os seus pais tenham gasto na sua educação, nunca hão-de ter
uma linguagem minimamente correcta nem hão-de usar um vocabulário
compreensível. Entre outros exemplos diferenciadores, destaco
os seguintes:
-
Oblá! – a tradução é “ouve lá!” e tem
como objectivo a interacção com um interlocutor. É
normalmente acompanhado de…
-
Ó Coleguinha? – forma que os grunhos têm de
chamar qualquer transeunte.
-
Curtes? – expressão interrogativa que
significa, em português correcto, “Gostas?”, ou mais
linearmente, “Usufruis?”.
-
Bruto som!!! – expressão exclamativa que tem
como objectivo demonstrar que o aparelho de som em questão é
de qualidade e tem uma grande potência (Watts).
b) Indumento
– os grunhos são também facilmente identificáveis pela
roupa que vestem.
-
Camisolas/Sweat-Shirts – extremamente largas,
ultrapassando o diâmetro do fato de astronauta.
-
Calças – suficientemente largas para que se
possa dar uma rave party
lá dentro. Não esquecer os boxers
a verem-se claramente. Entre outros brandnames
grunhíferos e grunhificadores destacam-se “Resina” ou “Fubu”.
-
Calçado – sempre sapatilhas de marcas grunhíferas
(a lista será brevemente publicada).
c) Sarro
característico – o sarro dos grunhos é muito especial. Não
é fruto da marklisticamente aconselhada inexistência de
higiene pessoal, mas sim da mescla dos cuidados semanais de
higiene pessoal com perfumes e eaux
de toillete estranhas.
d) Residência
– Cerca de 80% dos Grunhos (dados dos Censos 2001 do INE)
vivem nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Desses 80%,
95.8% residem na periferia dessas cidades mas não nas próprias
cidades (Área Metrop. Lisboa: Almada, Amadora, Oeiras,
Cascais,etc…; A.M. Porto: Maia, Gondomar, Valongo, V.N. Gaia,
etc…).
e) Comunicação
Social -
especial apetência por programas voyeurs
(BigBrothers, Masterplans, etc…) e por programas sobre carros
e revistas de tunning.
4.
A exterminação do Grunho
Agora
que já sabem tudo sobre o Grunho passemos à parte mais
importante: a exterminação da espécie.
Antes
de mais, avanço com a razão pela qual a sua exterminação é
absolutamente indispensável:
PORQUE
NÃO GOSTAMOS
‘Mai
nada.
E
vocês perguntam-se: “Como podemos eliminar os grunhos?”.
Eu, mais uma vez numa útil intromissão nesse diálogo entre as
vossas almas e vocês próprios, esclareço-vos: para acabarem
de vez com essa espécie execrável, para porem fim à proliferação
do Grunho, esse animal rasca, adiram à OMEGA – Organização
Marklista Mata e Espanca o Grunho Atempadamente – e
inscrevam-se nas Brigadas Marklistas, façam-se sacerdotes,
evangelizem esse país, apoiem a instauração da República
Marklista de Portugal.
Deixo-vos,
portanto, o meu e-mail para que possam enviar as vossas sugestões
quanto à execução dos Grunhos.
Despeço-me
com devoção.
Acabem
com os Grunhos. “May the power be with you.”
Viva
Bobby! Viva Markl! Viva Horseman! Viva Eu!
Pastor
Bugger pancreasazul@mail.pt
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